quarta-feira, 23 de novembro de 2011

CRIANÇAS EM PERIGO!

Os jornais vez ou outra, publicam, já a algum tempo, notícias sobre operações policiais para combater o tráfico de crianças, a prostituição infantil e a pedofilia. Nossa cidade, recentemente, foi palco de uma delas.
Esses crimes tem por objeto a exploração de seres humanos indefesos que deveriam estar sob a proteção do Estado e das famílias.
Toda vez que leio as benditas notícias me alegro com a possibilidade de amenizar essas atrocidades, essas barbaridades. Contudo, o tempo passa, os “suspeitos” voltam às ruas, e as crianças continuam a serem exploradas pelas quadrilhas e degenerados.
Quando criança minha infância foi preenchida com brincadeiras, hoje, esquecidas como canga-pé, manja, barra bandeiras,soltar papagaio e outras de alegres lembranças. Cedo, comecei a buscar os provimentos para a sobrevivência, mas sempre sobrava tempo para buscar frutos no mato e para tomar banho no rio. Naquele tempo era comum andar semi nu, apenas de calção, não havia olhares maldosos e nossa inocência estava preservada por uma sociedade idílica, quase rural.
Mas o tempo fluiu!
Atualmente, crianças e adolescentes caminhando, perambulando, vagabundeando pelas ruas são sinais de desocupação, de formação de galeras, organizadas para o roubo e para a violência. Perdeu-se a inocência, num caminho coberto de espinhos e pedras, não cuidado pelo Poder Público e relegado por famílias desesperadas e sem perspectivas de futuro.
Nas noites de Maués, crianças e adolescentes que deveriam estar em salas de aula ou brincando sob o amparo e proteção dos pais, enchem as ruas mal iluminadas, vagando de praça em praça, hotel a hotel vendendo beijos e abraços e, também, perdendo a inocência vilipendiada por patifes degenerados, em troca de comida ou por míseros centavos para poder ter um celular ou uma roupa impossível de ser comprada por pais desempregados ou perdidos.
Um amigo funcionário público testemunhou recentemente cenas dessa natureza. Um senhor idoso, caminhando pela avenida Antarctica, 6 ou 7 horas da manhã, foi abordado por um bando de meninas andrajosas e magricelas; todas se oferecendo para “fazer um programa” com o velho senhor. Duas gerações se encontrando num lindo cenário,  uma reunião motivada pelo trágico abandono social da geração mais nova.
É comum vermos em restaurantes e bares, os pequeninos e as pequeninas de cesto na cabeça ou pequenas bandejas carregadas ao ombro, cheias de bombons, bananas fritas e até flores, oferecendo-as aos clientes em horas avançadas da noite: potenciais vítimas de patifes degenerados que se aproveitam do abandono social e familiar para o abuso físico e psicológico em prol de suas devassidões.
Pior dor no coração é quando ouvimos a súplica desses inocentes para que fiquemos com algo, pois do contrário, se em casa chegam sem a renda da venda ou trazendo grandes sobras, correm o risco de não comer ou até serem humilhadas, ainda mais, por pais brutalizados.
O mais horrível disso é que essas cenas se tornam, a cada dia, mais habituais e, muitos, nem sentem a frustração e morte dessa geração que se perde.
Toda prioridade às crianças, toda prioridade em defesa da vida de jovens que perdem dia a dia a esperança, porque se sentem esquecidos.
Um governante que esquece as suas crianças e jovens deve ser esquecido pelo povo.
Não podemos ficar passivos ou inertes frente ao abandono das crianças e adolescentes. A sociedade deve exigir das autoridades competentes medidas sociais urgentes, para garantir a proteção desses indefesos.
Prendam os bandidos! E esqueçamos os atuais governantes do município que estão surdos, mudos e parados frente as crianças que gritam por socorro! 

Alfredo Almeida – É maueense, empresário e presidente do PR de Maués. Foi Secretário Extraordinário do Estado do Amazonas no período de 2004 a 2006, Deputado Estadual no Amazonas na legislatura 1998 a 2002, vereador em duas legislatura (1988 a 1992/1993 a 1996) e Presidente da Câmara Municipal de Maués no período 1995/1996.


sábado, 19 de novembro de 2011

Resgatar o orgulho de ser maueense

Uma cidade é o produto de várias gerações de homens e mulheres que a construíram. Cada indivíduo tem sua história e esta pertence à história da cidade. Uma cidade é tudo que o povo que nela vive pensa, porque nela se condensam todas as vidas dos seus construtores, sonhos e desejos.
Uma cidade é obra do seu povo, dos seus costumes. Honoré de Balzac, o escritor francês, dizia que as ruas de Paris nos davam impressões humanas, assim também ocorre com as cidades brasileiras.
Comunidade maueense
A cidade é fruto do seu povo; da energia e do suor dos trabalhadores, da idéia, da ousadia e determinação do empreendedor, da paixão e fervor dos idealistas, do amor e frenesi dos enamorados e da fé e dogmas dos religiosos, cada parede e rua é testemunha da história da cidade. Mas para essa história ser admirada e motivo de orgulho é preciso que todos se identifiquem com ela.
Cada nova geração deve ser educada e preparada para continuar o esforço de desenvolvimento local, a base dessa educação é a história das gerações passadas. Saber do passado bonito e glorioso é uma forma de estimular a continuidade da luta e gerar o orgulho de pertencer a uma comunidade que progride.
Pensando assim vem ao pensamento as lembranças da Maués dos anos 90,80 e 70 do século XX. Lembro, principalmente, de sua vida noturna. Jovem, passeava na noite, sem medo da violência. Maués era uma cidade pacífica.
Produzir é gerar renda
Uma cidade com vida noturna, com inúmeros “clubes” para diversão e dança, tais como: Maloca, Palhoça, Sambão, Itapuã, Panorama, ABB/BASA, BEASA, União Esporte Clube, Leão Esporte Clube, e os chamados “bregas”. Hoje conta-se nos dedos as opções, reduzidas ao Arco Íris e a Praça de Alimentação.
Mas o que ocorreu? O povo não aprecia mais a diversão noturna? Ou não há recursos disponíveis para o entretenimento noturno?
Naquela época, Maués era o maior produtor de guaraná do Brasil, chegou a produzir mais de 1,3 mil toneladas de semente de guaraná. Atualmente é apenas uma pálida sombra do passado e mal chega a média de 300 toneladas anuais e uma produtividade por hectare não superior a 100 quilos. E esse é só um exemplo, outros produtos do município murcharam, igualmente. As festas da cidade já foram mais atraentes, agora mal conseguem entusiasmar o maueense residente a sair do lar e enfrentar o perigo que se esconde em ruas precariamente iluminadas.
Retrato do abandono
Hoje, a população, mal consegue permanecer em pé e a conquista do alimento do dia  se tornou a maior vitória. Então como pugnar por objetivos maiores se sobreviver por um dia é a prioridade da família? Como pensar em entretenimento, se o básico consome todas as energias.
Um povo que apenas sobrevive tem pouca história e pouco se orgulha dela.
É preciso resgatar o orgulho do povo criando condições econômicas e sociais para que o sorriso volte a face do povo e voltemos a sonhar com crescimento econômico e qualidade de vida.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

NOVOS RESULTADOS ALARMANTES EM MAUÉS

Todos os dias ao ir trabalhar, visitar amigos ou, simplesmente, passear pelas ruas de minha querida cidade, testemunho jovens, jovens-senhores, mulheres (moçoilas e senhoras) perambulando como nômades, sem ocupação, provavelmente refletindo e pensando em formas de prover o alimento de suas famílias naquele dia. São cidadãos vítimas do descaso e da incompetência de ludibriadores que diziam ter projetos para o município e, ao ganharem a confiança do povo, demonstraram que na verdade eram inaptos gerentes de boteco, que nada mais fazem do que ficar sentados esperando os recursos caírem na conta da prefeitura e depois as vezes pagam o que devem, esperando da sobra tirar dividendos para si.
 O resultado dessa letargia e dessa incompetência pelo trabalho criativo resulta em duas variações da mesma realidade. Uma na esfera do universo brasileiro e outra em nível estadual.
Na primeira, o Brasil vem apresentando resultados positivos no desenvolvimento. O Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) 2011 foi recentemente publicado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Neste ano o tema é a Sustentabilidade e equidade: um futuro melhor para todos. Nele o Brasil ascendeu uma posição e hoje é o dono da 84ª posição dentre 187 países ranqueados. Neste ranking apresenta um IDH de 0,748.
O Amazonas, na mesma direção, vem apresentando resultados igualmente positivos.
Indo pra escala municipal um outro indicador é o Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal- IFDM, publicado pelo Sistema Firjan, composto pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro, Centro Industrial do Rio de Janeiro, SESI, SENAI e Instituto Euvaldo Lodi-IEL. No relatório 2010, caminhando em direção contrária, Maués ocupava a vergonhosa posição 5416ª no ranking com índice de 0,433; no agora publicado do ano de 2011, nossa cidade recuou para a  5489ª posição com um índice de 0,452. Esse recuo não se deu apenas na escala federal, ocorreu igualmente no Estado. Em 2010 ocupava a 56ª posição e em 2011 ficou na 57ª, sendo ultrapassado por Guajará, Ipixuna, Pauini, Anamã, Manaquiri e Tonantins que melhoraram o desempenho.
Retrato de descaso 2
Para você entender o índice. Ele vai de 0 a 1, quanto maior melhor o resultado. Até 0,4 é considerado de baixo desenvolvimento; de 0,4 a 0,6, desenvolvimento regular; 0,6 a 0,8,  desenvolvimento moderado e, de 0,8 a 1 alto desenvolvimento.
O índice Firjan é composto por três variáveis: emprego e renda, educação e saúde. Nestas três áreas, Maués, nos dois últimos  relatórios, melhorou apenas o de saúde que apresentou uma raquítica melhor, passou de 0,5347 para 0,5698. Nos demais o desempenho foi precário.
Na Educação caiu de 0,5200 para 0,5120. É importante enfatizar que nesta área os setores analisados são o Ensino Fundamental e Educação Infantil, onde as escolas estaduais têm obtido bons desempenhos e as escolas da prefeitura, principalmente nas comunidades rurais, tem resultados problemáticos, para usar um termo elegante. Se o índice isolasse o desempenho das escolas estaduais o resultado seria calamitoso.
Porém, cheguemos ao que queremos, o indicador Emprego & Renda. Neste, a área em discussão é o mercado formal de trabalho. O índice aqui é o modesto 0,2452 em 2010, e 0,2237 em 2011. Um resultado a beira do abismo, uma verdadeira calamidade pública!
Segundo o IBGE, Maués possui 75% de sua população entre a faixa de pobre e miserável. Então surge a indagação: como superar essa realidade se não conseguimos criar emprego e renda para nossa população?
Retrato de descaso 3
Governar não é um ato de contabilidade, onde se controla a entrada e a saída de recursos e, no final, deve existir uma sobra para repartir entre os sócios. Se assemelha mais a uma ação de empreendimento, onde o prefeito-empreendedor deve se articular, criar e trabalhar com determinação para resolver os gargalos que impedem o crescimento e desenvolvimento do empreendimento, no caso, o crescimento econômico e bem estar do povo de Maués.
Conclusivamente, sobre a realidade atual demonstrada pelos índices apresentados, pode-se concluir que os administradores atuais não tem competência para administrar ou não estão preocupados com o desenvolvimento do município. Em uma ou na outra possibilidade o resultado é que precisamos urgentemente tomar um novo rumo, ou, em breve, Maués se tornará um campo onde os únicos índices que aumentarão serão o da prostituição, do bandidismo, da violência e do tráfico de drogas.


Alfredo Almeida – É maueense, empresário e presidente do PR de Maués. Foi Secretário Extraordinário do Estado do Amazonas no período de 2004 a 2006, Deputado Estadual no Amazonas na legislatura 1998 a 2002, vereador em duas legislatura (1988 a 1992/1993 a 1996) e Presidente da Câmara Municipal de Maués no período 1995/1996.