Esses crimes tem por objeto a exploração de seres humanos indefesos que deveriam estar sob a proteção do Estado e das famílias.
Toda vez que leio as benditas notícias me alegro com a possibilidade de amenizar essas atrocidades, essas barbaridades. Contudo, o tempo passa, os “suspeitos” voltam às ruas, e as crianças continuam a serem exploradas pelas quadrilhas e degenerados.
Quando criança minha infância foi preenchida com brincadeiras, hoje, esquecidas como canga-pé, manja, barra bandeiras,soltar papagaio e outras de alegres lembranças. Cedo, comecei a buscar os provimentos para a sobrevivência, mas sempre sobrava tempo para buscar frutos no mato e para tomar banho no rio. Naquele tempo era comum andar semi nu, apenas de calção, não havia olhares maldosos e nossa inocência estava preservada por uma sociedade idílica, quase rural.
Mas o tempo fluiu!
Atualmente, crianças e adolescentes caminhando, perambulando, vagabundeando pelas ruas são sinais de desocupação, de formação de galeras, organizadas para o roubo e para a violência. Perdeu-se a inocência, num caminho coberto de espinhos e pedras, não cuidado pelo Poder Público e relegado por famílias desesperadas e sem perspectivas de futuro.
Nas noites de Maués, crianças e adolescentes que deveriam estar em salas de aula ou brincando sob o amparo e proteção dos pais, enchem as ruas mal iluminadas, vagando de praça em praça, hotel a hotel vendendo beijos e abraços e, também, perdendo a inocência vilipendiada por patifes degenerados, em troca de comida ou por míseros centavos para poder ter um celular ou uma roupa impossível de ser comprada por pais desempregados ou perdidos.
Um amigo funcionário público testemunhou recentemente cenas dessa natureza. Um senhor idoso, caminhando pela avenida Antarctica, 6 ou 7 horas da manhã, foi abordado por um bando de meninas andrajosas e magricelas; todas se oferecendo para “fazer um programa” com o velho senhor. Duas gerações se encontrando num lindo cenário, uma reunião motivada pelo trágico abandono social da geração mais nova.
É comum vermos em restaurantes e bares, os pequeninos e as pequeninas de cesto na cabeça ou pequenas bandejas carregadas ao ombro, cheias de bombons, bananas fritas e até flores, oferecendo-as aos clientes em horas avançadas da noite: potenciais vítimas de patifes degenerados que se aproveitam do abandono social e familiar para o abuso físico e psicológico em prol de suas devassidões.
Pior dor no coração é quando ouvimos a súplica desses inocentes para que fiquemos com algo, pois do contrário, se em casa chegam sem a renda da venda ou trazendo grandes sobras, correm o risco de não comer ou até serem humilhadas, ainda mais, por pais brutalizados.
O mais horrível disso é que essas cenas se tornam, a cada dia, mais habituais e, muitos, nem sentem a frustração e morte dessa geração que se perde.
Toda prioridade às crianças, toda prioridade em defesa da vida de jovens que perdem dia a dia a esperança, porque se sentem esquecidos.
Um governante que esquece as suas crianças e jovens deve ser esquecido pelo povo.
Não podemos ficar passivos ou inertes frente ao abandono das crianças e adolescentes. A sociedade deve exigir das autoridades competentes medidas sociais urgentes, para garantir a proteção desses indefesos.
Prendam os bandidos! E esqueçamos os atuais governantes do município que estão surdos, mudos e parados frente as crianças que gritam por socorro!
Alfredo Almeida – É maueense, empresário e presidente do PR de Maués. Foi Secretário Extraordinário do Estado do Amazonas no período de 2004 a 2006, Deputado Estadual no Amazonas na legislatura 1998 a 2002, vereador em duas legislatura (1988 a 1992/1993 a 1996) e Presidente da Câmara Municipal de Maués no período 1995/1996.