Os últimos finais de semana em nossa amada cidade foram
marcados por extrema violência. Assaltos, assassinatos, tiros, facadas, brigas
e outras situações que tem acontecido sem a menor cerimônia nos espaços
públicos. É simplesmente espantoso o olhar complacente do poder público. Em
Maués ando pelas ruas, onde visito amigos e lugares públicos e observo jovens,
homens e mulheres, senhores e senhoras perambulando como nômades,
desesperançados, sem horizonte, sem uma ocupação que lhes garanta alguma renda.
Penso que provavelmente estejam refletindo em como irão prover alimento para a
família naquele dia, semana ou mês. São conterrâneos vítimas de um modelo
político excludente, incompetente, e descomprometido com as necessidades e
prioridades da população e do município. Muitos pregavam projetos e soluções,
ganharam a confiança do povo, para finalmente demonstrarem, ingenuidade,
inexperiência e desorientação quanto ao processo administrativo do Estado no
que diz respeito à busca de soluções. Na
verdade não passam de inábeis tocadores, que nada mais fazem do que ficar
sentados esperando os recursos caírem na conta da prefeitura. Às vezes pagam o
que devem, outras rezam para que, quem sabe, haja sobras que rendam dividendos
para si.
O resultado desse modo antigo de governar resulta em
duas variações da mesma realidade. Uma no universo brasileiro e outra em nível
municipal.
Na primeira, o Brasil vem apresentando resultados positivos
no desenvolvimento. Apesar dos contratempos amplamente divulgados pela
imprensa. Segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) recentemente
publicado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) - o
Brasil melhorou sua posição entre os 187 países ranqueados.
O Amazonas, na mesma direção, vem apresentando resultados
igualmente positivos.
Já na escala municipal o indicador é o Índice Firjan de
Desenvolvimento Municipal- IFDM, publicado pelo Sistema Firjan, composto pela
Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro, Centro Industrial do
Rio de Janeiro, SESI, SENAI e Instituto EUVALDO LODI-IEL. No relatório nossa
cidade está na 5167º posição com um índice de 0,3209. Essa situação não se dá
apenas na escala federal, ocorre igualmente no Estado. Ocupamos hoje a 34ª
posição, ficamos atrás de municípios como; Nova Olinda do Norte, Urucurituba,
Tapauá, Itapiranga, Autazes e Amaturá. Este importante índice nos aponta como
município de baixo rendimento no Amazonas, Região Norte e Brasil.
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Para você entender o índice. Ele vai de 0 a 1, quanto maior
melhor o resultado. Até 0,4 é considerado de baixo desenvolvimento; de 0,4 a
0,6, desenvolvimento regular; 0,6 a 0,8 desenvolvimento moderado e, de
0,8 a 1 alto desenvolvimento.
O índice Firjan é composto por três variáveis: emprego e
renda, educação e saúde. Nestas três áreas, Maués, no último relatório,
foi considerada apenas regular na educação. A saúde foi considerada de baixo
desenvolvimento, e emprego e renda também apenas regular.
Na Educação é importante enfatizar que os setores analisados
são o Ensino Fundamental e Educação Infantil, onde as escolas estaduais têm
obtido bons desempenhos e as escolas do município, principalmente nas
comunidades rurais, tem resultados problemáticos, para usar um termo elegante.
Se o índice isolasse o desempenho das escolas estaduais o resultado seria pior.
Porém, vamos ao que interessa; o indicador de Emprego &
Renda. Neste, a área em discussão é o mercado formal de trabalho. O índice aqui
é o modesto 0,4919 em 2010, e 0,4663 em 2011. Um resultado que não nos permite
relaxar, e para Maués está se mostrando uma verdadeira calamidade pública!
Segundo o IBGE, Maués possui 75% de sua população entre a
faixa de pobre e miserável. Então surge a indagação: como superar essa
realidade se não conseguimos criar emprego e renda para nossa população?
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Governar não é um ato contábil, onde se controla (quando
controla) a entrada e a saída de recursos. Governar nos dias de hoje se
assemelha a uma ação de empreendimento, onde o gestor (empreendedor) com essa
visão, precisa se articular, criar e buscar condições favoráveis e
trabalhar para resolver os gargalos que
impedem o desenvolvimento do empreendimento (município), no caso, o crescimento
econômico e bem estar social da população.
Conclusivamente, nossos índices ruins contribuem para o quadro
atual de que se ressente a população e refletem diretamente na juventude, ela tem
raiz social, e se alimenta na ausência de políticas públicas e na passividade
de quem tem o dever institucional de implementa-las. Essa desastrosa distorção,
ou omissão, ou cegueira, ou incompetência pura e simples, tem grande parte da
paternidade do que acontece hoje no município, criminalidade, pobreza em
índices alarmantes e estagnação econômica, logo, e aí me refiro a questão da
Segurança, área de governo que não tem culpa pelas condições adversas criadas
pelo próprio município, o devedor dessa dolorosa conta é menos o Estado e mais
a incúria mesmo. Em breve se nada mudar Maués se tornará um lugar onde os
únicos índices que continuarão em franco desenvolvimento serão o da
prostituição, do banditismo, o tráfico de drogas e a violência. E pra quem
dizia que ia resolver o problema do emprego e renda...
Alfredo Almeida – É maueense, empresário e presidente do PSD de Maués. Foi Secretário Extraordinário do Estado do Amazonas no período de 2004 a 2006, Deputado Estadual no Amazonas na legislatura 1998 a 2002, vereador em duas legislatura (1988 a 1992/1993 a 1996) e Presidente da Câmara Municipal de Maués no período 1995/1996.