sábado, 20 de junho de 2015

SITUAÇÃO ALARMANTE EM MAUÉS


Os últimos finais de semana em nossa amada cidade foram marcados por extrema violência. Assaltos, assassinatos, tiros, facadas, brigas e outras situações que tem acontecido sem a menor cerimônia nos espaços públicos. É simplesmente espantoso o olhar complacente do poder público. Em Maués ando pelas ruas, onde visito amigos e lugares públicos e observo jovens, homens e mulheres, senhores e senhoras perambulando como nômades, desesperançados, sem horizonte, sem uma ocupação que lhes garanta alguma renda. Penso que provavelmente estejam refletindo em como irão prover alimento para a família naquele dia, semana ou mês. São conterrâneos vítimas de um modelo político excludente, incompetente, e descomprometido com as necessidades e prioridades da população e do município. Muitos pregavam projetos e soluções, ganharam a confiança do povo, para finalmente demonstrarem, ingenuidade, inexperiência e desorientação quanto ao processo administrativo do Estado no que diz respeito à busca de soluções.  Na verdade não passam de inábeis tocadores, que nada mais fazem do que ficar sentados esperando os recursos caírem na conta da prefeitura. Às vezes pagam o que devem, outras rezam para que, quem sabe, haja sobras que rendam dividendos para si.

 O resultado desse modo antigo de governar resulta em duas variações da mesma realidade. Uma no universo brasileiro e outra em nível municipal.
Na primeira, o Brasil vem apresentando resultados positivos no desenvolvimento. Apesar dos contratempos amplamente divulgados pela imprensa. Segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) recentemente publicado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) - o Brasil melhorou sua posição entre os 187 países ranqueados.
O Amazonas, na mesma direção, vem apresentando resultados igualmente positivos.
Já na escala municipal o indicador é o Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal- IFDM, publicado pelo Sistema Firjan, composto pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro, Centro Industrial do Rio de Janeiro, SESI, SENAI e Instituto EUVALDO LODI-IEL. No relatório nossa cidade está na 5167º posição com um índice de 0,3209. Essa situação não se dá apenas na escala federal, ocorre igualmente no Estado. Ocupamos hoje a 34ª posição, ficamos atrás de municípios como; Nova Olinda do Norte, Urucurituba, Tapauá, Itapiranga, Autazes e Amaturá. Este importante índice nos aponta como município de baixo rendimento no Amazonas, Região Norte e Brasil.
Para você entender o índice. Ele vai de 0 a 1, quanto maior melhor o resultado. Até 0,4 é considerado de baixo desenvolvimento; de 0,4 a 0,6, desenvolvimento regular; 0,6 a 0,8  desenvolvimento moderado e, de 0,8 a 1 alto desenvolvimento.
O índice Firjan é composto por três variáveis: emprego e renda, educação e saúde. Nestas três áreas, Maués, no último relatório, foi considerada apenas regular na educação. A saúde foi considerada de baixo desenvolvimento, e emprego e renda também apenas regular.
Na Educação é importante enfatizar que os setores analisados são o Ensino Fundamental e Educação Infantil, onde as escolas estaduais têm obtido bons desempenhos e as escolas do município, principalmente nas comunidades rurais, tem resultados problemáticos, para usar um termo elegante. Se o índice isolasse o desempenho das escolas estaduais o resultado seria pior.
Porém, vamos ao que interessa; o indicador de Emprego & Renda. Neste, a área em discussão é o mercado formal de trabalho. O índice aqui é o modesto 0,4919 em 2010, e 0,4663 em 2011. Um resultado que não nos permite relaxar, e para Maués está se mostrando uma verdadeira calamidade pública!
Segundo o IBGE, Maués possui 75% de sua população entre a faixa de pobre e miserável. Então surge a indagação: como superar essa realidade se não conseguimos criar emprego e renda para nossa população?
Governar não é um ato contábil, onde se controla (quando controla) a entrada e a saída de recursos. Governar nos dias de hoje se assemelha a uma ação de empreendimento, onde o gestor (empreendedor) com essa visão, precisa se articular, criar e buscar condições favoráveis e trabalhar  para resolver os gargalos que impedem o desenvolvimento do empreendimento (município), no caso, o crescimento econômico e bem estar social da população.
Conclusivamente, nossos índices ruins contribuem para o quadro atual de que se ressente a população e refletem diretamente na juventude, ela tem raiz social, e se alimenta na ausência de políticas públicas e na passividade de quem tem o dever institucional de implementa-las. Essa desastrosa distorção, ou omissão, ou cegueira, ou incompetência pura e simples, tem grande parte da paternidade do que acontece hoje no município, criminalidade, pobreza em índices alarmantes e estagnação econômica, logo, e aí me refiro a questão da Segurança, área de governo que não tem culpa pelas condições adversas criadas pelo próprio município, o devedor dessa dolorosa conta é menos o Estado e mais a incúria mesmo. Em breve se nada mudar Maués se tornará um lugar onde os únicos índices que continuarão em franco desenvolvimento serão o da prostituição, do banditismo, o tráfico de drogas e a violência. E pra quem dizia que ia resolver o problema do emprego e renda...


Alfredo Almeida – É maueense, empresário e presidente do PSD de Maués. Foi Secretário Extraordinário do Estado do Amazonas no período de 2004 a 2006, Deputado Estadual no Amazonas na legislatura 1998 a 2002, vereador em duas legislatura (1988 a 1992/1993 a 1996) e Presidente da Câmara Municipal de Maués no período 1995/1996.